5 Erros Críticos na Cadeia Fria de Produtos Farmacêuticos que Podem Comprometer sua Distribuição – E Como Evitá-los

17 Maio, 2025

Por Jaqueline Cardoso 

 

Manter um produto farmacêutico na temperatura ideal, da fábrica até o paciente, é um grande desafio. O Brasil impõe barreiras como longas distâncias, infraestrutura precária e climas extremos.

Quem atua com logística ou qualidade de produtos sensíveis sabe: a cadeia fria exige precisão, estratégia e pessoas bem treinadas.

Ainda assim, erros graves continuam acontecendo — afetando a eficácia dos produtos, a segurança dos pacientes, a satisfação dos clientes e a reputação das empresas.

A seguir, compartilho os 5 principais erros que vejo com frequência — e como evitá-los com inteligência, planejamento e foco em soluções.

  

 

Subestimar a Complexidade Logística do Brasil 

 

O Brasil é um país de dimensões continentais e enfrenta limitações estruturais sérias: ausência de malha ferroviária eficiente, gargalos nos principais aeroportos e estradas precárias em diversas regiões. Esses fatores aumentam o tempo de trânsito, a exposição a temperaturas extremas e a imprevisibilidade nas rotas de entrega. Além disso, regiões como o Norte e o interior do Nordeste apresentam desafios ainda maiores, com acessos restritos e baixa frequência de transporte. 

 

Como evitar: 

  • Mapeie rotas críticas e desenvolva planos de contingência regionais. 
  • Invista em parcerias logísticas com capilaridade e expertise em cadeia fria na região. 
  • Utilize tecnologias de rastreamento em tempo real para antecipar riscos e atuar com agilidade. 

 

 

Usar a Mesma Solução de Transporte Térmico para Todo o Brasil 

 

Um erro comum é adotar uma única solução de embalagem ou estratégia logística para atender todas as regiões do país. O Brasil possui climas, distâncias e infraestruturas muito diferentes — o que funciona bem no Sul, por exemplo, pode ser completamente ineficaz na região Norte ou Nordeste. 

 

A variabilidade das rotas, o tempo de trânsito, as condições ambientais e a previsibilidade da entrega exigem abordagens personalizadas. Ignorar isso compromete a performance térmica, aumenta o risco de excursões e gera desperdícios. 

 

Como evitar: 

  • Segmente suas rotas por região e analise os riscos específicos de cada uma. 
  • Adote soluções térmicas diferentes conforme o tempo de trânsito e a previsibilidade logística. 
  • Monitore a performance por região para ajustes constantes — a customização é a chave para a eficácia e a sustentabilidade do processo. 

 

 

 

Negligenciar o Monitoramento Térmico – e Ignorar o Impacto do Custo 

 

A maioria das empresas ainda utiliza registradores de temperatura que só são consultados ao fim do transporte — o que significa que, quando uma excursão térmica é detectada, o produto já pode estar comprometido. Ao mesmo tempo, o uso de dispositivos com monitoramento em tempo real ainda representa um custo elevado, especialmente em operações de grande volume. 

 

Como evitar: 

  • Adote uma matriz de risco que leve em conta o tipo de produto, a criticidade da rota e o valor agregado. 
  • Use monitoramento em tempo real de forma estratégica, nas rotas com maior impacto potencial. 
  • Otimize os custos com soluções inteligentes, sem abrir mão da segurança, complementando com histórico térmico e qualificação de rotas. 

 

 

Subestimar o Fator Humano 

 

Tecnologia e embalagem não funcionam sozinhas. Um manuseio inadequado — como deixar uma caixa térmica exposta ao sol, armazenar em geladeiras impróprias ou abrir a embalagem antes do tempo — pode comprometer tudo. Muitas dessas falhas ocorrem porque quem está na ponta da operação não tem o conhecimento necessário. 

 

Como evitar: 

  • Capacite toda a cadeia envolvida, da expedição ao ponto de venda, com treinamentos práticos e linguagem acessível.”Quando bem orientado, o fator humano se torna um aliado da qualidade — e não um ponto cego da operação”. 

 

 

Tratar a Cadeia Fria como um Processo Operacional – e Não Estratégico (Com Impacto Direto no Custo Final) 

 

Um dos maiores erros é tratar a cadeia fria como uma simples atividade operacional. Na prática, ela impacta diretamente a qualidade do produto, o risco regulatório e, principalmente, o custo logístico total da empresa. 

 

As embalagens térmicas de qualidade têm alto valor agregado e, muitas vezes, cubagem elevada — ocupam espaço precioso no transporte e aumentam o custo por metro cúbico embarcado. Em operações com produtos sensíveis e de alto valor, como no setor farmacêutico, cada centímetro e cada grau de eficiência importam. 

 

Como evitar: 

  • Padronize processos com base em dados e implemente indicadores específicos para cadeia fria. 
  • Crie uma governança estratégica com foco em eficiência e sustentabilidade. 
  • Invista em ações preventivas, análises de causa raiz e cultura de melhoria contínua. 
  • Envolva as áreas de Qualidade, Supply Chain, Logística e Regulatória na tomada de decisão para garantir uma abordagem integrada e eficaz. 

 

 

Uma reflexão 

 

Manter a integridade térmica dos produtos farmacêuticos no Brasil exige muito mais do que boas intenções. É necessário compreender as particularidades do território, adaptar estratégias, investir em tecnologia, capacitar pessoas e cultivar uma cultura genuína de qualidade. 

 

Empresas que dominam a cadeia fria se destacam no mercado — não apenas por evitar perdas e reduzir custos, mas por entregar confiança. A rastreabilidade, a previsibilidade e a segurança tornam-se valores percebidos e reconhecidos pelos clientes. E mais: um controle eficaz da cadeia fria contribui diretamente para o aumento da satisfação, da fidelização e da reputação em mercados altamente regulados e sensíveis como o da saúde. 

Quem ignora esses fatores, corre riscos desnecessários. Já quem encara esses desafios de forma estratégica transforma a logística em vantagem competitiva e eleva a experiência do cliente a um novo patamar. 

 

Se você chegou até aqui, eu espero que esse conteúdo seja útil, gere muitos insights e promova bons momentos de networking! 

  

Bio 

Sou Jaqueline Cardoso, farmacêutica com mais de 15 anos de experiência na logística de produtos farmacêuticos. Atuei em grandes empresas nacionais e multinacionais e um dos maiores desafios da minha trajetória é, sem dúvida, a gestão da cadeia fria — uma missão complexa que exige precisão, responsabilidade e constante atualização. 

Postagens

relacionadas

Conheça a UniBOX: A Revolução Sustentável na Logística da Cadeia Fria

Conheça a UniBOX: A Revolução Sustentável na Logística da Cadeia Fria

No setor logístico, especialmente na cadeia fria, inovação, segurança e sustentabilidade são palavras-chave. Pensando nisso, a Unicargo lançou a UniBOX, uma solução inteligente e eficiente que transforma o transporte de medicamentos, vacinas e outros produtos sensíveis à temperatura. Neste artigo, você vai descobrir tudo sobre a UniBOX, seus diferenciais, vantagens e por que ela é a escolha ideal para empresas que valorizam desempenho, economia e responsabilidade ambiental.

Por Que a Intermodal é o Lugar Certo Para Fazer Negócios?

Por Que a Intermodal é o Lugar Certo Para Fazer Negócios?

A Intermodal South America não é apenas uma feira – ela se tornou o ponto de encontro estratégico para quem busca inovação, networking de alto nível e novas oportunidades no setor logístico. Com a participação de expositores e visitantes de todo as partes do mundo, o evento é o ambiente ideal para novos negócios, trocar insights e acompanhar as tendências que vão transformar o mercado nos próximos anos.

Networking Inteligente: Como Fazer Conexões Que Geram Negócios na Intermodal 2025

Networking Inteligente: Como Fazer Conexões Que Geram Negócios na Intermodal 2025

A Intermodal South America 2025 não é apenas um evento de expositores e palestras, mas uma oportunidade única para expandir sua rede de contatos e fechar negócios importantes. É um espaço onde os maiores players do setor logístico se encontram, e estar bem-preparado pode transformar sua participação em uma verdadeira vantagem estratégica.

Todas as

categorias

Sustentabilidade

Gestão

Logística

Notícia

Transporte