Vou falar sobre legado, e o que tenho a dizer pode causar polêmica. Assumo o risco! O que uma geração de líderes, Boomers ou X, deixará como legado para futuros gestores, que serão seus sucessores? Confesso que tenho sim uma preocupação muito grande e suspeito que não tenhamos feito o suficiente para preparar estes jovens que estão chegando, e já se sentem totalmente preparados e prontos para liderar. Vamos debater este tema?
Acompanho com perplexidade a ascensão de uma geração de jovens, crescidos em um ambiente virtual e tecnológico, que lhes proporcionaram conhecimento e acesso a informações de forma muito rápida. Justamente por causa destas facilidades, vejo que não passaram e não passarão pelos processos de maturidade que fomos obrigados a passar lá pelos anos de 1990, ou antes. Saudosismo? Claro que não! Sinto-me privilegiado por ter a oportunidade de estar vivendo tamanha evolução no mundo, ainda em plena atividade. Impressiona ver o que uma IA é capaz de fazer em nossas vidas atualmente. Como é bom continuar aprendendo e evoluindo.
Aí que vejo o grande problema. Por estarem anos luz à nossa frente, em termos de acesso a informações, existe uma tendência a autossuficiência e o consequente desprezo aos que viveram em época pré-internet. Pensam eles que nossos conhecimentos são descartáveis e não se adaptam ao modelo de trabalho atual. É muito comum entre eles, priorizar qualidade de vida em detrimento de uma constante dedicação na busca por um espaço, num ambiente cada vez mais competitivo. Como se fosse impossível o equilíbrio entre o pessoal e o profissional. Banco de horas, Home Office 3×2, trabalho híbrido, férias integrais, “Summer Fridays”, Day Off, prêmio por produtividade e tantos outros benefícios, são mínimas exigências para uma entrega de qualidade. Benefícios de toda espécie, sempre. Obrigações, até certo ponto, afinal ninguém é de ferro né.
Está em risco uma geração inteira de futuros líderes, que não terão vivido situações extremas para tomada de decisões assertivas. Qual o legado que a minha geração de líderes deixará para estes que nos sucederão? Acho que não deixamos legado. Eles estão criando suas próprias realidades, convictos de estarem fazendo o que de melhor poderiam fazer. Estão criando um universo corporativo cada vez mais refém do “automático” em detrimento da criatividade, iniciativa, coragem, postura, dedicação, comprometimento e jogo de cintura. Talento e competência são fatores essenciais no mercado de trabalho. Mas não garantem o sucesso. Muito menos a conquista do topo de nada. Líderes e profissionais bem-sucedidos não surgem por acaso. Eu me sinto frustrado em constatar que não preparamos nossos sucessores de forma adequada.